Combate às pragas
O varejo alimentar enfrenta desafios diários na manutenção da qualidade e segurança dos produtos. Dessa forma, os setores de frutas, legumes e verduras (FLV), padaria e açougue são especialmente vulneráveis ao surgimento de roedores, baratas, moscas, mosquitos e carunchos, entre outros. Essas pragas podem contaminar fisicamente os alimentos com fezes, urinas e pelos e, como consequência disso, transmitir doenças como leptospirose e salmonelose. Além disso, no verão, os cuidados devem ser ainda mais rigorosos, pois as altas temperaturas propiciam a proliferação de insetos.
Em alguns casos, a problemática inicia antes das mercadorias chegarem ao supermercado, por isso é primordial a seleção de bons fornecedores. “Os hortifrútis já podem estar vindo com baratas e moscas. O próprio varejista tem que verificar se está tudo certo com os seus fornecedores, se não tem indícios de pragas naquele local”, ressalta a fiscal sanitária do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Francine Balzaretti. Ela também destaca que encontrar fezes de roedores, embalagens roídas ou presença de moscas nos setores e nos balcões de exposição indicam que a situação está fora de controle.
A higienização das superfícies e dos equipamentos de trabalho é o primeiro passo a fim de evitar a infestação de pestes, como também os uniformes limpos dos funcionários e o cuidado especial com a lavagem de mãos dos manipuladores de alimentos. Junto a isso, as mercadorias precisam ser armazenadas em locais apropriados e em temperatura adequada – no máximo, até 10º graus.
ATENÇÃO REDOBRADA
No hortifrúti, a umidade do setor favorece a proliferação de fungos e bactérias, enquanto os açúcares naturais das frutas maduras atraem insetos como moscas-das-frutas. Por causa disso, é essencial controlar a limpeza de caixa e expositores, assim como inspecionar e retirar produtos que perderam a qualidade ou o frescor a fim de evitar a atração de insetos. Outra prática eficaz é o uso de tecnologias como a nebulização para manter a umidade ideal das frutas, legumes e verduras, segundo a fundadora da Plena Segurança em Alimentos, Caroline Freitas.
A profissional também aborda que nos setores de açougue e padaria, é indispensável vedar acessos, utilizando portas bem ajustadas, ralos sifonados e dispositivos como cortinas de ar para evitar a entrada de pragas.
O controle para a temperatura e a higienização do setor com detergentes neutros e sanitizantes específicos para os setor são recursos importantes a fim de evitar o acúmulo de resíduos e consequentemente a atração dessas pragas. “Muitas vezes o pessoal acessa o setor e acaba deixando a porta entreaberta e isso acaba propiciando a entrada de pragas como roedores ou também insetos como moscas”, diz Caroline Freitas.
Já na padaria, os ingredientes mal armazenados podem ser infestados por traças e baratas. Entre as ações para evitar a problemática, além das já conhecidas a limpeza e barreiras físicas, estão o armazenamento correto dos insumos e o controle de temperatura que reduzem significativamente o risco de infestações.
Outro ambiente que merece atenção rigorosa são os depósitos por serem locais preferidos por roedores, baratas e carunchos. “É necessário o afastamento de cinco centímetros de distância entre as mercadorias para promover a ventilação e facilitar a visualização do surgimento de pragas”, comenta Caroline Freitas. Além da boa e velha higienização do setor.
AGENTES QUÍMICOS
A fiscal sanitária do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Francine Balzaretti comenta sobre a problemática de utilizar produtos químicos de maneira autônoma. “O varejista pode achar que qualquer veneno vai funcionar para todo tipo de praga, e não é bem assim“, analisa. Ela também enfatiza que, além da ineficiência da aplicação incorreta há o risco de danos ainda maiores com a possibilidade de contaminar o próprio alimento. A prática de agentes químicos, portanto, deve ser realizada como último recurso e por empresas que são licenciadas pela Anvisa e pela vigilância sanitária municipal.
“Se o varejista não fizer o tema de casa, como a higiene do estabelecimento, nem um produto químico irá funcionar. Então, com a limpeza e as barreiras físicas, em telas nas janelas e rodapé nas portas, em muitos casos isso já será o suficiente”, pontua.
Saiba mais
A problemática pode iniciar com os fornecedores dos alimentos.
Limpeza dos ambientes e utensílios é fundamental em todos os setores.
Organização e armazenamento correto dos insumos evitam insetos na padaria.
Atenção à higienização das mãos dos colaboradores que manipulam os alimentos.
No açougue e na padaria, vedar acessos como portas bem ajustadas, ralos sifonados e cortinas de ar reprime a entrada de pragas.
No depósito, as mercadorias devem ter uma distância de cinco centímetros a fim de propiciar a ventilação e facilitar a visualização em casa do surgimento de insetos ou roedores.
Os produtos químicos devem ser utilizados como último recurso e por empresas especializadas devido ao risco de contaminação dos alimentos.