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IA no varejo: hora de implementar

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De maneira ainda tímida, IA está sendo aplicada no setor no Estado, embora NRF tenha indicado que o ano será chave para sua implementação 

Em janeiro, a National Retail Federation (NRF) realizada em Nova York indicou o ano de 2025 como crucial para a implementação da Inteligência Artificial (IA) no varejo. Considerando a realidade do supermercadista gaúcho, essa previsão se concretizará dentro deste prazo? No Rio Grande do Sul, embora a adoção da IA ainda seja incipiente, observa-se um crescente interesse e um promissor potencial para otimizar diversas operações no setor.

Em um cenário de acirrada concorrência e margens de lucro cada vez mais estreitas, a Inteligência Artificial (IA) deixa de ser um mero diferencial para se consolidar como um imperativo estratégico para o varejista. Essa tecnologia representa uma poderosa ferramenta para impulsionar a produtividade, reduzir custos operacionais e embasar decisões mais assertivas. Corroborando essa tendência, um levantamento da Associação Paulista de Supermercados (Apas) revelou que 35% dos varejistas paulistas já empregam a IA em áreas estratégicas como vendas, marketing, logística, atendimento e operações.

Mas o que é a IA?

A IA emprega algoritmos e vastos conjuntos de dados para executar tarefas e aprimorar-se continuamente através da experiência, evoluindo para níveis de sofisticação cada vez maiores. Apesar da discussão sobre o assunto, há cautela no varejo alimentar gaúcho sobre a aplicabilidade das ferramentas disponíveis, segundo o diretor de Tecnologia da Informação da rede Viezzer (de Canoas), Guilherme Viezzer. “Apesar de estar se falando bastante, as pessoas ainda estão meio receosas. “Os supermercadistas estão esperando alguém ir na frente. Se for na frente e der certo, todos vão fazer”, diz. Além disso, ele enfatiza a urgência da adaptação para manter a competitividade e a produtividade. “A IA não vai substituir as pessoas, mas vai substituir aqueles que não sabem lidar com ela”, afirma Viezzer. Ele também comenta que o objetivo não é reduzir o pessoal, mas sim colocá-los para tarefas mais dinâmicas. 

Aplicabilidade no varejo

Um dos primeiros supermercados a inovar com este sistema é o grupo Viezzer, que protagoniza um projeto piloto para integrar a IA nas suas lojas a fim de automatizar o atendimento de nível 1 aos seus colaboradores via aplicativo de mensagens. “Estamos conduzindo um piloto com agente de IA para que o suporte inicial às lojas seja realizado por essa tecnologia”, explica Guilherme, que prevê a implementação da solução no segundo semestre de 2025. Após o período de teste na primeira loja, o projeto será implementado nas outras nove lojas da rede e em outras áreas “Caso os resultados continuem positivos, há planos de estender a iniciativa para outros setores, como o Recursos Humanos (RH), especialmente na área de treinamentos”, conta. “O desafio no momento é testar, perguntar como o usuário vai para analisar se está coerente com as respostas e validando”, conta Viezzer.  

O diretor dos Supermercados MA (de Estância Velha), Fabrício Hansen, faz uso recorrente do ChatGPT (versão Teams, paga para segurança de dados) para auxiliar na análise de dados, elaboração de descrições de cargos e organização de pedidos de clientes via WhatsApp. “São coisas básicas que ainda estamos no início, mas ganhamos tempo com isso. Por exemplo, o RH já tem as descrições feitas. Ou um cliente que manda pedido de qualquer jeito pelo
WhatsApp e o chat já bota uma lista de pedido mais organizada para o pessoal”, analisa. 

Além disso, aplica a IA para a transcrição e o resumo de reuniões da diretoria, como um assistente a fim de otimizar o tempo e garantindo o registro das decisões. Ele ressalta também que a ferramenta entra mais como um assistente a partir de comandos estabelecidos por seres humanos para auxiliar em tarefas específicas, e não para realizar tarefas complexas de forma autônoma. “A IA não faz nada 100% sozinha e tudo passa pela validação humana para garantir que está alinhado com a empresa”, aborda. 

Fase incipiente

De acordo com a economista-chefe da Fecomércio, Patrícia Palermo, o uso da ferramenta no varejo alimentar gaúcho ainda é incipiente e pouco mapeado. “O varejo está numa fase um pouco anterior à inteligência artificial. Ele está na etapa de automação de processos básicos, como caixas de autoatendimento, devido a problemática de falta de mão de obra, que não necessariamente é feito por esta ferramenta”, diz. No entanto, a tecnologia tem um grande potencial para otimizar diversos aspectos do varejo alimentar. Ela ressalta que para iniciar no assunto, além da boa e velha leitura e pesquisa, é interessante também a participação ativa em eventos do setor para fomentar a troca de experiências com outros gestores. “São nos congressos, nos seminários, nos eventos que esse tipo de informação começa a ser difundida e você tem chance de conversar com seus pares sobre esclarecer dúvidas como ganhos e perdas relacionados a novas tecnologias e novos processos”, explica. A economista-chefe da Fecomércio ainda pontua que o varejista tem que analisar qual problema referente a especificidade daquela loja a IA pode ajudar a resolver. “A grande questão é: tem algo de útil nesta ferramenta que tornará meu negócio mais rentável?”, enfatiza.

Próximos passos

Hansen acredita que o setor de RH será uma das próximas áreas impactadas fortemente pela tecnologia. “Vai otimizar principalmente para gestão de pessoas, no intuito de dar informação e ajudar a definir escalas”, projeta. 

Patrícia chama a atenção para os futuros usos da IA, como analisar dados de compra dos clientes para otimizar a disposição dos produtos, colocando itens frequentemente comprados juntos próximos uns dos outros (compra cruzada). Outra função é na gestão de estoque, o qual a IA pode melhorar a previsão de demanda e o giro de mercadorias. Ela cita também que os pequenos comerciantes podem usar a tecnologia no marketing para auxiliar em posts nas redes sociais, promoções e composição de estoques. “Tudo isso dá para fazer sem o uso da IA, mas com a ferramenta você faz de maneira mais simples e rápida, e, com isso, reduz custos e ganha em produtividade”, analisa.

 

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