Planejamento estratégico
A cada final de ano, chega o momento da realização do planejamento estratégico das empresas, ou da revisão do termo feito anteriormente cujas ações englobam um período maior. Trata-se de uma iniciativa fundamental para a sobrevivência e o crescimento dos negócios em um ambiente político-econômico em constante mudança, como o que vivenciamos especialmente no Brasil. No processo, você alinha forças, fraquezas, oportunidades e ameaças para traçar as metas e investimentos para o período em foco.
Para o professor da Unisinos Business School e PhD em Administração de Empresas, Wagner Junior Ladeira, os empresários do setor supermercadista devem estar atentos a diversos desafios externos que podem impactar seus negócios. Ele cita dois em especial: a volatilidade econômica e inflacionária do Brasil e a transformação digital e tecnológica. “Flutuações econômicas, como inflação e variações cambiais, podem afetar os custos operacionais e o poder de compra dos consumidores. Fora isso, a rápida evolução tecnológica exige que os supermercados adotem soluções como automação, inteligência artificial e análise de dados para melhorar a eficiência operacional e a experiência do cliente.”
Márcia Abreu, sócia e diretora da Direto Group – consultoria de wealth management com quase 30 anos de mercado, destaca os seguintes pontos de atenção a serem considerados pelas empresas na hora de definir o planejamento para o próximo ano: Reforma Tributária, sustentabilidade, gestão de riscos e sucessão empresarial, este último dependendo do caso. “Um bom planejamento estratégico precisa levar em consideração a Reforma Tributária em andamento. É fundamental que as equipes das empresas estejam de olho nas movimentações do governo, nos prazos e impactos que a reforma trará para o ambiente de negócios a fim de realizar as adaptações que forem necessárias em tempo hábil.”
Fatores de análise
A Matriz SWOT (também conhecida como Análise FOFA) é uma ferramenta estratégica amplamente usada para analisar o ambiente interno e externo de uma empresa ou projeto. Ela ajuda a identificar fatores que podem influenciar o desempenho e orientar a tomada de decisões. Seu caráter prático e acessível facilita a visualização dos fatores internos e externos que podem impactar uma organização. “Uma abordagem que pode ser utilizada para complementar ou substituir a Análise SWOT é a análise PESTEL. Esta técnica foca nos pontos externos ao analisar fatores políticos, econômicos, sociais, tecnológicos, ecológicos e legais. Essa análise proporciona uma visão mais abrangente do ambiente macro e pode complementar a outra”, ensina Ladeira.
A Análise SWOT, todavia, não deve ser feita de forma superficial. É necessário um comprometimento dos principais líderes da empresa. A segunda recomendação é reunir uma equipe diversificada, com gerentes e especialistas para obter uma perspectiva abrangente. A matriz facilita a antecipação de desafios, permitindo que a empresa esteja preparada para enfrentar problemas antes que eles se tornem crises, garantindo uma resposta mais ágil e eficaz. Caroline Stein, cientista de Alimentos da PariPassu, lembra que, no setor alimentício, a SWOT pode contribuir na avaliação de desempenho de fornecedores e parceiros.
A periodicidade ideal para o planejamento estratégico em supermercados pode variar conforme o tipo de consumidor e o ambiente competitivo, mas geralmente uma revisão anual do planejamento estratégico é algo praticado por muitos gestores. É essencial ficar de olho nas preferências dos consumidores e nas dinâmicas de mercado. “O planejamento estratégico para 2025 deve ser dinâmico e flexível, capaz de se adaptar às rápidas mudanças do ambiente de negócios”, salienta Márcia.
Como hierarquizar investimentos
Segundo Ladeira, para hierarquizar os investimentos em supermercados é importante considerar tanto o impacto estratégico quanto o retorno sobre o investimento de cada ação. Uma abordagem prática é utilizar uma matriz de priorização que leve em conta urgência, importância e impacto financeiro de cada projeto. Essa abordagem prática ajuda a alinhar os investimentos com a estratégia de crescimento e as necessidades operacionais, maximizando o retorno para o negócio e a satisfação dos consumidores.
Foco na expansão
Seis fatores precisam ser monitorados com cuidado especial no planejamento estratégico de empresas que desejam expandir seus negócios, na recomendação do professor Wagner Junior Ladeira. O primeiro deles é o ROI (Retorno sobre Investimento), cujo valor projetado para cada nova unidade deve ser comparado com benchmarks internos e com o mercado. Um retorno elevado indica um bom potencial de retorno. O segundo é o payback, ou seja, o tempo necessário para recuperar o investimento inicial em cada nova unidade. Um período mais curto geralmente é preferível.
Monitorar a margem bruta e o Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de cada unidade também são cruciais para entender a rentabilidade. O Ebitda ajuda a avaliar o lucro operacional e identificar possíveis ajustes para melhorar a eficiência. Outra recomendação é ver o custo por metro quadrado, levando em conta o aluguel, as reformas e as despesas de estoque. Locais com custos operacionais elevados podem comprometer a rentabilidade.
O giro de estoque mede a eficiência da gestão e evita o excesso de inventário ou ruptura de produtos. O giro ideal pode variar dependendo do tipo de produtos oferecidos e da localização. Por fim, a despesa operacional (OPEX) avalia os custos operacionais recorrentes, como energia, manutenção, salários e transporte. Monitorar o OPEX é essencial para garantir que a unidade seja financeiramente viável.
Conheça 7 benefícios do planejamento estratégico para o varejo:
1) Coleta de informações relevantes ao negócio: 2)Identificação de melhorias nos processos; 3) Identificação de influenciadores externos de desempenho; 4) Definição de metas semestrais, anuais, bienais; 5) Projeção de cenários de vendas; 6) Planejamento de ações com base no histórico de vendas; 7) Direcionamento para resultados